Insanity Records | Espetáculo questiona o capacitismo e o habilismo na dança

No dia 5 de novembro (quarta-feira), a bailarina Silvia Wolff apresenta no Teatro Olga Reverbel o solo de dança “Pena”. O espetáculo traz à cena a história de corpo de uma bailarina que estudou nas escolas School of American Ballet e Jorey Ballet School, ambas de Nova York, tem uma trajetória de sucesso nas companhias Berlin Opera Ballet e a Pennsylvania Ballet, hoje lida com a estética habilista na dança.

Com direção de Flávio Campos, “Pena” lança mão de procedimentos de criação do Balé Possível, fruto da investigação de Silvia em seu pós-doutorado na Faculdade de Motricidade humana da Universidade de Lisboa e explorado por ela como professora na graduação em Dança da Universidade Federal de Santa Maria e em projetos internacionais que realizou junto a pessoas com e sem deficiências.

Aos 34 anos, no auge da carreira, Silvia sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) que lhe deixou sequelas. Neste retorno aos palcos, ela confronta os significados simbólicos e ideológicos do corpo deficiente. A obra se enquadra no conceito de balé contemporâneo não enquanto um estilo, mas como um novo momento em que se pode celebrar o vulnerável, reconstruir ideais de perfeição, problematizar a dicotomia marginalizado/mainstream e convidar o público a observar esta arte como uma experiência, em vez de um objeto a ser contemplado de longe.

O título “Pena” é remanescente de uma experiência vivida junto a um amigo, a quem Silvia disse que não mais voltaria à cena. “Fui com um amigo ao teatro para assistir a um espetáculo de dança e encontramos uma amiga de infância. Ao vê-la caminhando com as dificuldades pós-AVC, a amiga exclamou: ‘Que pena, né? Tu eras tão bonita!’. ‘Pena’ surge, então, enquanto ideia para uma criação cênica que possa lidar com a estética habilista desse belo, perfeito e ideal tão específicos do contexto do balé, não só pela pluralidade de significados da palavra, como também por sua relação com a figura do Cisne, muito presente na trajetória profissional da autora em questão”, recorda Silvia Wolff, que completa:

“Propomos que essas possibilidades de transformação e ressignificação não só de perfeição, como também de beleza e ideais corporais, são prioritárias para revermos conceitos de dança, cena e poética na contemporaneidade. Devemos confrontar os significados simbólicos e ideológicos do corpo deficiente em nossa cultura, destacando uma frase da bailarina e coreógrafa Ann Cooper Albright: ‘Ao ver corpos deficientes dançando podemos perceber que, embora uma apresentação de dança seja baseada nas capacidades físicas de um bailarino, ela não é limitada por estas'”.

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SERVIÇO
Espetáculo de dança solo “Pena”
Bailarina:
 Silvia Wolff
Quando: 5 de novembro | Quarta-feira | 20h
Onde: Teatro Oficina Olga Reverbel (Rua Riachuelo, 1089 – Centro Histórico)
Ingressos: R$30 Inteira | R$15 meia
Ingressos antecipados: 
https://theatrosaopedro.eleventickets.com/#!/apresentacao/83fe75a2c1e1ad868350218665258034d16d04ab

Foto:
Bruna Bertoldo

Fonte:
Roberta Amaral

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