Quase ‘londrino’, Lule retorna ao Brasil e lança álbum ao vivo com a banda As Crianças Adultas

Com a discografia completa – nove discos, um EP e um single – apenas no Bandcamp, Luiz Bruno, o Lule, não se importa com a corrida pelos números das plataformas de streaming. Depois de 11 anos vivendo em Londres, ele retornou ao Brasil por amor e dá vazão a “novas velhas” canções em disco gravado ao vivo com a banda As Crianças Adultas, formada por Lucas Bruno, André Nectoux, André Garbini e Haroldo Paraguassú. No dia 28 de Setembro, 19h, acontece o show de lançamento do álbum no Ocidente, em Porto Alegre (RS) – ingressos serão disponibilizados em breve, acompanhe as redes do artista. Ouça aqui.
Contendo seis faixas e com o título Lule & As Crianças Adultas Ao Vivo no Espaço, o décimo disco da jornada do artista nasceu quando ele retornou ao Brasil: “Ano passado, logo que voltei de Londres, montei uma versão brasileira da banda que eu tinha lá (The Adult Children). E compus duas versões em português para músicas que já estão na minha discografia, mas que fiz originalmente em inglês. E, com o passar do tempo, além dessas duas, optamos por gravar mais quatro versões. As faixas originais foram gravadas por mim no meu estúdio caseiro em Londres utilizando samples e baterias eletrônicas, com exceção de ‘Eu Me Afundei Na Lama Da Culpa’ que contou com o francês Thomas Broda na bateria. Então, entrar em estúdio e ouvir as canções sendo tocadas por uma banda foi muito legal. Tivemos que adaptar alguns arranjos e o resultado trouxe uma nova identidade para as faixas. No dia da gravação estávamos bem confiantes e ensaiados, apesar de ser um banda relativamente nova, todos os membros são bastante ativos na cena porto-alegrense e já havíamos feito um show em setembro numa passagem rápida minha por Porto Alegre antes de voltar em definitivo. O clima no dia da gravação era de descontração e liberdade”, lembra.
Gravado no estúdio Sangha em Porto Alegre por Alexandre Birck (baterista da Graforréia Xilarmônica) o disco foi produzido, mixado e masterizado por Lule e é lançado pelo selo gaúcho Tal&Tal Records.
Influenciado por artistas como Arnaldo Baptista, Frank Zappa, The Mothers of Invention, The Flaming Lips, Brian Wilson, Procura-se Quem Fez Isso, Captain Beefheart, The Breeders, Aristotheles de Ananias Jr, Marcelo Birck e Sun Ra, Lule é um artista inquieto – só ano passado lançou cinco álbuns e também tem outros quatro projetos musicais.
“Para mim, gravar e fazer música – principalmente gravar – é que nem respirar, ou dormir, preciso fazer. Escuto a música dentro da minha cabeça o dia inteiro e preciso botar pra fora. Ouvir elas saindo dos alto-falantes é um grande barato de estar vivo pra mim. Acredito que a música tem o poder de alterar a consciência das pessoas, sei por experiência própria. Quando falo de alterar a consciência não estou falando de drogas e sim de uma forma de transformar pensamentos e quebrar a realidade, de não aceitar as convenções que o mundo nos impõe desde cedo. Isso sempre me incomodou desde que eu era muito jovem, e levei para vários extremos essa inquietação, até que, através de um despertar espiritual, em 2013, com a meditação diária, percebi que eu deveria usar a música como os mestres Zen, como o Boddhidharma que, percebendo a inconstância e caos incontrolável no mundo, utilizam o humor e anedotas absurdas para chacoalhar as pessoas e tirarem elas do seu estado de inércia e dormência. Isso e o dadaísmo, assim como o humor e a sátira, são para mim as mais altas formas de espiritualidade. Por isso que o Buddha é sempre representado rindo.”
Quanto ao que ele aponta como diferencial do seu trabalho, Lule diz: “originalidade, busco fazer um som que eu nunca ouvi, que não se parece com nada que esteja na moda. Faço gravações caseiras lo-fi utilizando cassete em gravadores antigos de quatro pistas. Toco guitarra, baixo, teclado, canto, componho e gravo tudo sozinho. Utilizo meus próprios sintetizadores analógicos e drum machines que colecionei ao longo dos anos. Misturo samples e sons não convencionais junto com muitos efeitos eletrônicos, além de alteração da voz através da manipulação da velocidade da fita. Utilizo humor e sátira para criticar a sociedade e o capitalismo e também para tratar de assuntos polêmicos como saúde mental, tendências e modas superficiais. Ao mesmo tempo, em uma grande salada musical, gosto de inserir temas sobre espiritualidade e autoconhecimento que são muito importantes para mim”.
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SHOW DE LANÇAMENTO
Bar Ocidente, Porto Alegre-RS
Data, hora: 28/09, 19h – show inicia às 20h
Ingressos em breve
FAIXAS
01 Os Fungos
02 Jovens Fumando Vape no Bus
03 Manteiga Mental
04 Eu Me Afundei Na Lama Da Culpa
05 Acordo Noiado
06 We Are Actors In Your Cosmic Play
DISCOGRAFIA
Everything’s Fine (2018, Take 1 Records – Brasil) vinil, cassette
Manteiga Mental (2022, Tal & Tal Records – Brasil)
The Adventures Of Mental Butter (2022) cassette
Curtição Suprema Volumes 1 & 2 (2022, Tal & Tal Records – Brasil)
I Fly From Life To Life (2023) cassette
Chicken Dinner (2024, Pecan Crazy Records – USA e 1Selo – Brasil) cassette
The Adult Children Live In Hackney (2024)
The Celestial Artisans (2024)
Songs I Never Heard (2024)
Cosmic Despair (2025, Eyebrow Palace Records – USA) vinil
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SOBRE LULE
Depois de onze anos vivendo em Londres, o compositor e multi-instrumentista porto-alegrense Luiz Bruno, mais conhecido por seus conterrâneos como Lule, retorna ao seu país de origem como Lule & as Crianças Adultas.
Membro fundador da banda tropicalista psicodélica Procura-se Quem Fez Isso, com a qual abriu para Os Mutantes em 2010 e tocou em festivais importantes do circuito nacional como Bananada. Chamado de gênio pela renomada revista The Wire, o trabalho do artista também já saiu em revistas importantes como The Quietus, Rolling Stone Brasil, Billboard e Noize. Lule também lançou diversos álbuns em seus outros projetos mais experimentais como I Know I’m An Alien e Walter Willy. O artista não gosta de definir seu som, mas é influenciado por artistas como Brian Wilson, Arnaldo Baptista, Frank Zappa e Flaming Lips.
Apresentou-se na Inglaterra e França, tocando em lugares lendários como o The Hope and Anchor, onde Ramones, Joy Division, Sex Pistols e The Clash iniciaram suas carreiras, além de outras importantes casas de shows, como o Shacklewell Arms em Dalston, abrindo para artistas como The HolyDrug Couple e No Cars. Passou por festivais no Reino Unido como o Fat Out Fest em Manchester, e foi convidado para tocar ao vivo no programa BarKino da rádio inglesa Soho Radio.
No Brasil, Lule é acompanhado pela banda Crianças Adultas, composta pelos músicos André Nectoux, Lucas Bruno, André Garbini e Haroldo Paraguassú. No repertório de sua vasta discografia, Lule dá preferência a canções em português, do seu disco duplo Curtição Suprema (2022), do EP Manteiga Mental (2022), Chicken Dinner (2024) e Songs I Never Heard (2024).
Na maioria das suas composições Lule faz uso de fitas cassette e manipulação de fita no processo de gravação, influenciado por artistas como Ween, Daniel Johnston e Guided By Voices além de vanguardistas como Stockhausen, John Weiss, Pierre Henry, Delia Derbyshire, Negativland, The Tape Beatles e os japoneses Hanatarash, entre tantos outros. O conceito, segundo o artista, é desafiar o establishment e o mainstream que exige super produções onde todas as gravações soam idênticas e sem personalidade.
Lule tem mais de 14 clipes lançados, gravados entre Brasil e Inglaterra. A discografia completa do artista e de seus alter egos encontram-se disponíveis apenas no Bandcamp.
Foto:
Luiz Bruno
Fonte:
Thais Pimenta